quinta-feira, 27 de março de 2008

Tour report - Alemanha e Itália


E aí galera! Nas últimas duas semanas estive na Europa, dando um tempo nas composições do Almah, para participar da Musikmesse, que é a maior feira de instrumentos musicais do mundo, na Alemanha, e também para alguns shows na Itália com o Kiko e um workshop em Milão.


Cheguei à Alemanha na terça-feira, dia 11 de Março, na cidade de Frankfurt. Fiquei num hotelzinho que era bem próximo tanto da estação central de trem quanto do local da feira, então acabei andando bastante a pé. Em 10 minutos estava em um ou em outro lugar. Esta feira também marcou a estréia do meu novíssimo baixo Yamaha, modelo TRB6PII, que eu recebi dias antes de embarcar. É o baixo top de linha da Yamaha, e um dos melhores instrumentos que eu já toquei! Um som inacreditável!


No primeiro dia de feira eu aproveitei pra chegar bem cedo e dar uma andada por lá. Acontece que essa foi a primeira vez que eu estive na Musikmesse, e eu não tinha noção do verdadeiro sentido da expressão “maior feira de instrumentos musicais do mundo”. É realmente muuuuito grande! Pra chegar até o pavilhão de guitarras e baixos eu tinha que andar uma distância maior dentro da feira do que fora, vindo do hotel! E o mais espantoso de tudo é que a Yamaha tem um pavilhão próprio, gigante! Também, pudera, afinal é a maior empresa do ramo no planeta.


Um pouco mais tarde encontrei o Kiko, que estava vindo de um workshop e Londres. Ele se apresentou duas vezes por dia no estande da Zoom, onde eu também estava baseado. Além do Kiko encontrei muitos amigos e conhecidos, brasileiros e estrangeiros, como o pessoal das bandas Tempestt, Firewind, Children Of Bodom, Arch Enemy, Blind Guardian, Rhapsody Of Fire, Thiago do Espírito Santo, Chico Wilcox, além de muita gente ligada à fabricação e importação de instrumentos no Brasil. Ao fim do primeiro dia fomos jantar num restaurante Japonês com o pessoal da Zoom e ESP. Na sexta-feira, após o [terrível] show do Malmsteen, que estreava com Ripper Owens nos vocais, fiu jantar com alguns amigos gregos, entre eles o Gus G., guitarrista do Firewind. Estávamos todos tristes comentando o que será que tinha acontecido com o Yngwie, por que ele estava realmente tocando muito mal. Foi também uma boa oportunidade de melhorar meu grego, agora já falo mais de seis palavrões fluentemente!


Pra não ficar enfadonho não vou detalhar tanto o dia-a-dia, mas resumindo posso dizer que tive a oportunidade de tocar em muitos equipamentos diferentes, sendo que a maioria eu nem sequer tinha ouvido falar. Vi muitos músicos bons tocando como Mattias “IA”Ekhlund, Mike Mangini, T.M. Stevens, Dominique Di Piazza, Hadrien Feraud, Cristophe Godin, Paul Gilbert, Marco Mendoza, Tommy Aldridge, Andy Timmons, Stuart Hamm, e o mestre supremo Billy Sheehan. Ainda tive a sorte de bater um longo papo com o Billy, e descobri que ele é um cara muito legal, além de um grande baixista.


Após o último dia de feira, no Sábado, a ESP promoveu um jantar com alguns de seus endorsees num restaurante típico Alemão, no centro histórico de Frankfurt. Estavam presentes membros de várias bandas como Lamb Of God, Slayer, Children Of Bodom, Cradle of Filth, Firewind e mais alguma que eu devo estar esquecendo. Deu pra rir muito, principalmente do Roope, guitarrista do Children Of Bodom, que estava completamente bêbado (nada fora do normal pra um Finlandês) e completamente alucinado! Acho que ele passou o dia bebendo, e continuou no jantar e após, causando certa preocupação nos presentes...


No Domigo à noite Kiko, Mike Terrana e eu pegamos um trem de Frankfurt para Milão, e foi uma das viagens mais “memoráveis” que já fiz. Nós pegamos um compartimento com camas, já que a viagem era durante a noite, e já foi um sacrifício acomodar todas as nossas bagagens em tão pouco espaço. Depois de tudo acomodado resolvemos ir até o vagão restaurante pra tomar alguma coisa, já que não estávamos com sono. Percorremos mais ou menos uns doze vagões até chegar lá, e ficamos sentados conversando por um tempo. Foi então que veio um funcionário do trem avisar que eles iam separar o trem em dois em 10 minutos, e que uma parte – onde nos encontrávamos – ia para a Áustria, e a outra para Milão. Saímos correndo, afinal tínhamos doze vagões pela frente, e deu tudo certo. Sim, até que o Mike descobriu que tinha deixado sua jaqueta lá no restaurante, e saiu correndo que nem um alucinado! Por sorte ele conseguiu pegar a jaqueta em tempo e não foi parar na Áustria!


Resolvemos então ir até um compartimento livre com cadeiras para continuar o papo, e alguns minutos depois apareceu a polícia de fronteira Suíça pedindo passaportes e nos repreendendo por estarmos com pés no sofá e etc. Detalhe que nenhum de nós estava de fato com os pés nos sofás, mas mesmo assim um policial muito mal educado pediu 50 Euros de multa. O Mike já ficou nervoso e começou a argumentar em alemão, e o policial desistiu. Passou um pouco e voltamos ao nosso compartimento pra dormir. Eis que, às 3 da manhã, aparecem os policiais de novo, invadindo, gritando e pedindo passaportes de novo, querendo revistar todo mundo, abrir as malas, e tal. Uma delicadeza sem precedentes... O Mike ficou nervoso de verdade, e dizia em alemão que nós éramos músicos, não ladrões, que aquilo era um absurdo, etc. Foi uma confusão sem fim, e uns 15 minutos depois os “tiras” finalmente se mandaram de vez.


Assim que pisamos em Milão, na manhã seguinte, fomos abordados por, adivinhem: um policial! Ele pediu que nós o acompanhássemos – de uma maneira muito mais educada, é verdade –, com as mãos fora dos bolsos, e nos levou até uma salinha fedorenta e úmida, onde estavam algumas outras pessoas sendo interrogadas e revistadas. Lá havia um oficial muito mal encarado, que já veio com a seguinte frase: “this is Italy, and here we speak Italian”. Essa foi pro Mike, que ficou muito revoltado e disse baixinho pra nós “obrigado pela lição de história, imbecil”...rs Eles vieram perguntando se nós fumávamos haxixe, se estávamos trazendo drogas ou coisa assim, e revistaram a mim e ao Kiko de forma bem superficial. Por alguma razão eles levaram o Mike até outro ambiente e mandaram ele abaixar as calças...rs Foi então que eu finalmente entendi o porque de tudo isso, e se vocês conhecem o Mike e seu “penteado” moicano talvez vocês entendam...


Bem, depois de todo esse problema e mais alguns, finalmente chegamos ao hotel e conseguimos descansar um pouco. Depois disso a rotina se normalizou, então vamos ao que interessa, os shows. Foi uma experiência fantástica tocar as músicas do Kiko com o Mike. Eu sempre fui fã dele desde que assisti ao vídeo do Malmsteen, “Live At Budokan”, onde ele faz um solo muito animal. É impressionante a energia que ele tem, dentro e fora do palco, e mais espantoso ainda se considerarmos que ele tem 48 anos! Tem alguns vídeos no Youtube dos shows pra que vocês possam ter uma idéia de como foi. Pra mim foi muito especial! O mais legal de tudo é que, depois dos shows, o Mike me deu o set de pratos Meinl dele inteiro, porque tinha dito pra ele que gostava de tocar bateria. Foi um gesto de muita generosidade, que eu nunca vou esquecer. Foi também muito legal ter tocado de novo com o Kiko depois de tantos meses, e também aproveitamos esse tempo todo juntos pra falar do Angra, fazer planos e projeções para o futuro.

Na sexta-feira dia 21 Kiko e eu fizemos um workshop em Milão numa loja de instrumentos chamada Lucky Music, que foi bem legal. A sala estava cheia, e nós tocamos algumas coisas do Angra, do No Gravity, e algumas músicas sozinhos também. Depois do workshop fomos comer a última pizza da viagem que, aliás, estava ótima, e eu arrumei minhas malas e fui pro aeroporto, mais ou menos às 2 da manhã. Meu vôo só saiu às sete e meia, e cheguei a São Paulo 16 horas depois.

Foram duas semanas muito legais, porque conheci muita gente bacana e tive a oportunidade de tocar com o Mike que sempre foi um dos meus bateristas preferidos. Ano que vem estarei lá com certeza!

Como eu havia dito...

http://whiplash.net/materias/entrevistas/070730-angra.html

Tudo tem sua hora. Faço das palavras do Edu as minhas.

terça-feira, 18 de março de 2008

Sobre o último post

Andei lendo alguns comentários inflamados no último post, e sobre eles tenho a dizer que:

- Sim, acredito que a banda deve dar explicações aos fãs. Não é aquele papo demagogo de artista que vai no Faustão de "o que seria de mim sem vocês!?". Realmente acredito na importância dos fãs, e que de fato a banda não seria o que é sem eles, e por isso sou extremamente grato e me sinto muito privilegiado. Acredito que falo em nome de todos no Angra. Portanto, no momento oportuno a banda vai se pronunciar novamente, dando uma posição da situação atual. Acontece que, no momento, com tantas indefinições, isso ainda me parece pouco realista.

- Não sou contra dizer a verdade, e muito menos a favor de mascará-la. Só acho que, se você vai dizer "verdades", diga tudo! Dizer meias-verdades me soa muito conveniente. Um dos meus posts anteriores começava com uma frase como "Ah, se apenas vocês soubessem...", e um dia saberão, e poderão tirar suas próprias conclusões.

- O que mais me deixa mais chateado é que, com toda essa confusão, não sou capaz de fazer o que eu gosto, que é tocar. Meu maior sonho é poder apenas fazer música, e deixar a burocracia e falatório pra alguém pago pra fazer isso. Obviamente isso também é muito pouco realista, então nós vamos lidando com isso como podemos. Mas é sempre bom recordar que eu sou músico, e é isso o que eu sei fazer da vida.
Conclusão: estamos fazendo o melhor para que a banda continue. São muitas coisas a resolver, e isso leva tempo. Temos muita vontade de seguir juntos, e isso sem dúvida vai acontecer. Apenas uma coisa eu posso assegurar, o Angra NÃO vai acabar. Não tão cedo...

terça-feira, 11 de março de 2008

Música virou política...

E o pior de tudo, agora tem as mesmas táticas.

"Vamos dar a nossa visão dos fatos e ocultar tudo aquilo que nos compromete para manipular a opinião das massas. Preciso dessa popularidade agora, nesse momento, seja qual for o preço - até mesmo minha própria honra, ou o que restou dela".

Mas não adianta. Com ou sem mensalão, a verdade vai vir à tona. E ninguém mais vai votar em você...

"Enquanto isso, numa terra muito, muito distante, alguém ainda se lembra que o que importa é a música, e que ela sempre fala mais alto."