E aí galera! Nas últimas duas semanas estive na Europa, dando um tempo nas composições do Almah, para participar da Musikmesse, que é a maior feira de instrumentos musicais do mundo, na Alemanha, e também para alguns shows na Itália com o Kiko e um workshop em Milão.
Cheguei à Alemanha na terça-feira, dia 11 de Março, na cidade de Frankfurt. Fiquei num hotelzinho que era bem próximo tanto da estação central de trem quanto do local da feira, então acabei andando bastante a pé. Em 10 minutos estava em um ou em outro lugar. Esta feira também marcou a estréia do meu novíssimo baixo Yamaha, modelo TRB6PII, que eu recebi dias antes de embarcar. É o baixo top de linha da Yamaha, e um dos melhores instrumentos que eu já toquei! Um som inacreditável!
No primeiro dia de feira eu aproveitei pra chegar bem cedo e dar uma andada por lá. Acontece que essa foi a primeira vez que eu estive na Musikmesse, e eu não tinha noção do verdadeiro sentido da expressão “maior feira de instrumentos musicais do mundo”. É realmente muuuuito grande! Pra chegar até o pavilhão de guitarras e baixos eu tinha que andar uma distância maior dentro da feira do que fora, vindo do hotel! E o mais espantoso de tudo é que a Yamaha tem um pavilhão próprio, gigante! Também, pudera, afinal é a maior empresa do ramo no planeta.
Um pouco mais tarde encontrei o Kiko, que estava vindo de um workshop e Londres. Ele se apresentou duas vezes por dia no estande da Zoom, onde eu também estava baseado. Além do Kiko encontrei muitos amigos e conhecidos, brasileiros e estrangeiros, como o pessoal das bandas Tempestt, Firewind, Children Of Bodom, Arch Enemy, Blind Guardian, Rhapsody Of Fire, Thiago do Espírito Santo, Chico Wilcox, além de muita gente ligada à fabricação e importação de instrumentos no Brasil. Ao fim do primeiro dia fomos jantar num restaurante Japonês com o pessoal da Zoom e ESP. Na sexta-feira, após o [terrível] show do Malmsteen, que estreava com Ripper Owens nos vocais, fiu jantar com alguns amigos gregos, entre eles o Gus G., guitarrista do Firewind. Estávamos todos tristes comentando o que será que tinha acontecido com o Yngwie, por que ele estava realmente tocando muito mal. Foi também uma boa oportunidade de melhorar meu grego, agora já falo mais de seis palavrões fluentemente!
Pra não ficar enfadonho não vou detalhar tanto o dia-a-dia, mas resumindo posso dizer que tive a oportunidade de tocar em muitos equipamentos diferentes, sendo que a maioria eu nem sequer tinha ouvido falar. Vi muitos músicos bons tocando como Mattias “IA”Ekhlund, Mike Mangini, T.M. Stevens, Dominique Di Piazza, Hadrien Feraud, Cristophe Godin, Paul Gilbert, Marco Mendoza, Tommy Aldridge, Andy Timmons, Stuart Hamm, e o mestre supremo Billy Sheehan. Ainda tive a sorte de bater um longo papo com o Billy, e descobri que ele é um cara muito legal, além de um grande baixista.
Após o último dia de feira, no Sábado, a ESP promoveu um jantar com alguns de seus endorsees num restaurante típico Alemão, no centro histórico de Frankfurt. Estavam presentes membros de várias bandas como Lamb Of God, Slayer, Children Of Bodom, Cradle of Filth, Firewind e mais alguma que eu devo estar esquecendo. Deu pra rir muito, principalmente do Roope, guitarrista do Children Of Bodom, que estava completamente bêbado (nada fora do normal pra um Finlandês) e completamente alucinado! Acho que ele passou o dia bebendo, e continuou no jantar e após, causando certa preocupação nos presentes...
No Domigo à noite Kiko, Mike Terrana e eu pegamos um trem de Frankfurt para Milão, e foi uma das viagens mais “memoráveis” que já fiz. Nós pegamos um compartimento com camas, já que a viagem era durante a noite, e já foi um sacrifício acomodar todas as nossas bagagens em tão pouco espaço. Depois de tudo acomodado resolvemos ir até o vagão restaurante pra tomar alguma coisa, já que não estávamos com sono. Percorremos mais ou menos uns doze vagões até chegar lá, e ficamos sentados conversando por um tempo. Foi então que veio um funcionário do trem avisar que eles iam separar o trem em dois em 10 minutos, e que uma parte – onde nos encontrávamos – ia para a Áustria, e a outra para Milão. Saímos correndo, afinal tínhamos doze vagões pela frente, e deu tudo certo. Sim, até que o Mike descobriu que tinha deixado sua jaqueta lá no restaurante, e saiu correndo que nem um alucinado! Por sorte ele conseguiu pegar a jaqueta em tempo e não foi parar na Áustria!
Resolvemos então ir até um compartimento livre com cadeiras para continuar o papo, e alguns minutos depois apareceu a polícia de fronteira Suíça pedindo passaportes e nos repreendendo por estarmos com pés no sofá e etc. Detalhe que nenhum de nós estava de fato com os pés nos sofás, mas mesmo assim um policial muito mal educado pediu 50 Euros de multa. O Mike já ficou nervoso e começou a argumentar em alemão, e o policial desistiu. Passou um pouco e voltamos ao nosso compartimento pra dormir. Eis que, às 3 da manhã, aparecem os policiais de novo, invadindo, gritando e pedindo passaportes de novo, querendo revistar todo mundo, abrir as malas, e tal. Uma delicadeza sem precedentes... O Mike ficou nervoso de verdade, e dizia em alemão que nós éramos músicos, não ladrões, que aquilo era um absurdo, etc. Foi uma confusão sem fim, e uns 15 minutos depois os “tiras” finalmente se mandaram de vez.
Assim que pisamos em Milão, na manhã seguinte, fomos abordados por, adivinhem: um policial! Ele pediu que nós o acompanhássemos – de uma maneira muito mais educada, é verdade –, com as mãos fora dos bolsos, e nos levou até uma salinha fedorenta e úmida, onde estavam algumas outras pessoas sendo interrogadas e revistadas. Lá havia um oficial muito mal encarado, que já veio com a seguinte frase: “this is Italy, and here we speak Italian”. Essa foi pro Mike, que ficou muito revoltado e disse baixinho pra nós “obrigado pela lição de história, imbecil”...rs Eles vieram perguntando se nós fumávamos haxixe, se estávamos trazendo drogas ou coisa assim, e revistaram a mim e ao Kiko de forma bem superficial. Por alguma razão eles levaram o Mike até outro ambiente e mandaram ele abaixar as calças...rs Foi então que eu finalmente entendi o porque de tudo isso, e se vocês conhecem o Mike e seu “penteado” moicano talvez vocês entendam...
Foram duas semanas muito legais, porque conheci muita gente bacana e tive a oportunidade de tocar com o Mike que sempre foi um dos meus bateristas preferidos. Ano que vem estarei lá com certeza!