quarta-feira, 16 de agosto de 2006

Agora é só aguardar!




É isso aí! Depois de muito trabalho e dedicação, mais um disco está praticamente pronto pra ir ao forno! E, devo dizer, estou surpreso com os resultados. Acho que o Angra atingiu um nível de maturidade neste disco que irá surpreender muita gente.



Quem se lembra do meu último post sobre as gravações (se não lembra basta descer um pouco nesta mesma página) provavelmente se recorda que nós estávamos prestes a iniciar os trabalhos no estúdio Via Musique, com o Thiago Bianchi, vocalista e produtor do Karma. Pois bem, depois de todo o trabalho feito, nada mais tenho a dizer senão que o cara é muito foda. Ele foi responsável pelo timbre das guitarras, baixo, percussão e backing vocals, e surpreendeu a todos nós. Como um verdadeiro produtor, extraiu de nós o nosso melhor, e muitas vezes nos fez aventurar por terrenos até então inexplorados, mostrando a nós mesmos capacidades desconhecidas enquanto artistas. Este disco jamais seria tão bom sem Thiago Bianchi!



Não poderia eu, no entanto, deixar de mencionar o produtor oficial do disco, Dennis Ward, que simplesmente deu um show de talento e organização. O som de bateria está milhões de vezes melhor do que em qualquer trabalho que nós já tenhamos feito, e todas as nuances de cada instrumento estão sendo respeitadas e ressaltadas na mixagem, que está acontecendo enquanto escrevo este texto. Como é importante contar com pessoas que contribuem com suas visões particulares sobre a música, tornando o trabalho final um fruto de uma colaboração conjunta, recheado de arte e sentimento.

As composições, seguindo uma tendência natural do Angra, estão apontando para caminhos diversos, muitos deles inéditos na história da banda. No entanto, como sempre, sua essência e origem foram plenamente respeitadas, e mais uma vez o ouvinte poderá de imediato identificar que se trata da mesma banda, porém com músicos que se preocupam em inovar sempre. Esse é um grande desafio: como fazer algo novo e não destoar do que já foi feito por nós? Sem dúvida esta pergunta é respondida quando ouço o resultado do nosso trabalho nos últimos meses.



Abordando um lado mais técnico, tive pela primeira vez a coragem e o interesse de testar vários baixos na gravação, já que anteriormente usei meus Ibanez em 99% dos discos que gravei. Levei 10 baixos para o estúdio, e testei cada um deles, contando com a opinião do Dennis e do Thiago. No final, o vencedor: meu D’Alegria Dart FA (que é meu modelo personalizado). Como iríamos gravar algumas músicas em Ré, decidi usar também meu ESP Halibut, que tem uma escala de 35 polegadas, tornando-o ideal para afinar as cordas 1 tom abaixo sem que elas ficassem moles. Nas partes de fretless, usei meu D’Alegria A-Dart FA, que é basicamente igual ao outro, porém com uma ponte em madeira e captação piezelétrica, além de ser, obviamente, fretless (sem trastes). Em uma determinada música, tive também a oportunidade de gravar pela primeira vez com meu D’Alegria Discovery, que é um baixo vertical feito para simular um contrabaixo acústico, porém com muito mais ergonomia (sua escala é de 30 polegadas) e praticidade. Foi um desafio gravar com arco, como um cello, mas o resultado final ficou muito legal, e espero tocar este instrumento também ao vivo.

Muita gente reclama que não ouve o baixo nos discos do Angra. Creio que isso já tenha melhorado no Temple of Shadows, mas agora então, todos ouvirão com detalhes as linhas de baixo. Procurei, junto com o Thiago, conseguir um timbre que me permitisse ao mesmo tempo dar peso à música e ser ouvido no meio de tantos instrumentos. Tenho a felicidade de dizer que obtivemos sucesso, e o Dennis está sendo extremamente generoso com o volume do baixo na mixagem.



Devo também registrar aqui minha surpresa e conseqüente admiração pelos meus companheiros de banda, que se superaram em suas performances neste disco. Todos foram ágeis, inovadores, seguros e precisos. Acima de tudo, foram muito criativos e devotados à música enquanto arte, fazendo deste trabalho uma excelente forma de comemorar os 15 anos que o Angra completará em Outubro, praticamente culminando com o lançamento do disco.

Agora não vejo a hora de tocar estas músicas ao vivo, e reencontrar todos os amigos que fiz ao longo dos anos, bem como conhecer novos. Após meses sem tocar ao vivo com o Angra, terei a oportunidade de fazê-lo no próximo sábado (19 de agosto), quando tocarei com o Karma (às 17hs) e com o Angra (às 00:40). Dois shows no mesmo dia, no mesmo festival, o BMU (Brasil Metal Union). Vai ser cansativo, mas sem dúvida muito legal. Vejo vocês lá, ou em outros shows em breve!